Acordei com os olhos inchados e na boca tinha o travo agridoce da aguardente que emborquei à noite. O lento bocejar indicava a preguiça que me invadia e o hálito putrefacto matou os cactos da D. Amélia, a minha vizinha do 5.º traseiras. Ela não é jeitosa, mas dava-se um jeito de ir pelas traseiras... se é que me entendem.
O telefone retiniu na minha cabeça:"Porra, a esta hora???". Mas o tempo não se mede da mesma maneira para um detective privado, todas as horas são boas para aceitar um caso.
A voz que acompanhou o levantar do auscultador era alta e estridente, várias pedras a acertar em cheio na bigorna em que estava transformado o meu cérebro.
Ela guinchou qualquer coisa acerca dos seus vizinhos, os três porquinhos, não aparecerem há três dias em casa. Queria que eu investigasse. Cheirava-me a presunto, mas decidi aceitar!
Tenho duas amigas, uma mora num coldre, a outra numa garrafa. Foi com ambas que me dirigi à morada que a gaja me deu. Lá chegado, deparei com um silêncio de morgue. A porta apresentava sinais de entrada forçada mas lá dentro tudo igual.
Nem sequer o vi a aproximar-se. Apareceu-me por trás e desfez-me o que sobrava da minha cabeça. Só faltou tocar concertina com a minha espinha.
Mal o vislumbrei reconheci-o! Era o Lobo Mau. "O que fazes aqui?" - as minhas palavras acompanharam os meus pensamentos.
"Vim visitar os três porquinhos, mas eles não estão em casa. Parece que foram a espanha inaugurar um complexo de habitações que lá construiram para pagar menos IVA! Quando voltarem vou ter que voltar cá. Vão ser revisitados! De uma revisitadela não se escapam não, os malandros!"
Caso encerrado, mistério resolvido. Vou poder voltar para o escritório e afundar-me no cadeirão e na Vodka.
Ah, é verdade....o meu nome é Aldo. Arnaldo!
quinta-feira, março 6
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