sexta-feira, junho 29

Oh Piaçaba...

À Piaçaba,

Oh piaçaba...De vários feitios e formatos, de leve toque e pura sensualidade, eis que a tua beleza se adapta à forma da minha mão. Tu que habitas os arredores das sanitas e que fazes o trabalho sujo, tu que corres com as fezes e espalhas no ar o "bom cheiro". Tu que leves pedacitos trazes sempre agarrados e salpicas aqueles que resistem à luta entre a vida e a morte.

Oh piaçaba...Podemos estar tristes ou contentes, extasiantes ou deprimidos, aflitos ou aliviados, mas tu estás sempre lá... Sentimos sempre a tua presença e o teu leve perfume a dejectos que nos faz sentir vivos.

Oh piaçaba... Os teus curtos cabelos negros, percorrem suavemente a louça da cerâmica valadares, deixando para trás um rasto de alívio, paixão e da certeza com que sempre foste à luta. E no final, em movimentos circulatórios contemplas a tua vitória eliminando o que resta dos teus inimigos.

Oh... Oh piaçaba.... Tamanha a ingratidão que sempre tivemos para contigo. Tu que nos livras do podre da sociedade e dos rejeitados da raça humana, que não distingues os mais pretos dos mais branquinhos, os moles e os durinhos, os troncos e os pequeninos...

Oh piaçaba... Nunca deixaremos de te amar e de te dar um pouco de nós.

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